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Dizemos não ao despejo do Acampamento Quilombo Campo Grande!

O Instituto Candeeiro vem a público se solidarizar com as 450 famílias despejadas com extrema violência pela Polícia Militar do estado de Minas Gerais nesta sexta-feira, 14/8, da área do Acampamento Quilombo Campo Grande, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. Centenas de viaturas e policiais cercaram a área no entorno da sede da antiga Usina Ariadnópolis, localizada no município de Campo do Meio, no sudoeste do estado de Minas Gerais.

Durante a ação para cumprimento de medida judicial, marcada pelo vandalismo por parte da Polícia Militar, foram utilizadas bombas, casas foram incendiadas e foi destruída, com trator, a Escola Popular Eduardo Galeano, local voltado para a alfabetização e educação de crianças, jovens e adultos, e que garantia à comunidade o direito de aprender a ler e escrever. Na área, também estava em construção um polo de conhecimento e tecnologia em agroecologia.

O acampamento Quilombo Campo Grande foi erguido há mais de 20 anos nas terras da antiga Usina Ariadnópolis, que pertencia à Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia) e faliu no final da década de 1990. Parte dos antigos trabalhadores da usina, que ficaram sem indenização após a falência da empresa, hoje integram o acampamento. A área de aproximadamente 4 mil hectares ficou degradada depois da falência da usina, por causa do monocultivo de cana-de-açúcar. Com a ocupação do MST, o local ganhou plantações de café, milho, feijão, hortaliças, frutas, fitoterápicos, leite e derivados, além da criação de animais. O café orgânico cultivado no acampamento é reconhecido como um dos melhores de Minas Gerais.

Outro trabalho importante está nas mãos de um grupo de mulheres. Chamadas de “Raízes da Terra”, esse grupo cultiva sementes agroecológicas e orgânicas e cuidam da manutenção de hortas medicinais para a produção de produtos fitoterápicos. Essas agricultoras também produzem pomadas, gel de massagem, xarope e florais.

Outra atividade importante é a recuperação de nascentes, feito com o plantio de mudas nativas do estado com o objetivo de recuperar as áreas degradadas, aplicando o conceito de agrofloresta: plantar sem devastar. O acampamento está incluído no Programa Nacional de Reflorestamento do MST, o chamado Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”.

Das 450 famílias que vivem e trabalham no assentamento, 140 delas são de ex-funcionários da usina falida. O Conselho Estadual de Direitos Humanos (CONEDH), a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil/Seção Minas Gerais, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e a Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDESE) alertaram, sem obter respostas, o Tribunal de Justiça para os riscos diante da pandemia. Agora as famílias estão desabrigadas e sendo atendidas pela Assistência Social de Campo do Meio e municípios vizinhos.

O poder do capital e do latifúndio se mostram mais uma vez sustentados pela violência estatal, sem qualquer humanidade, além de contrários a própria lei (que proíbe despejos de terras durante o período da pandemia).

O Instituto Candeeiro compromete-se com a justiça social, com a atenção e investimento em práticas agroecológicas comprovadamente menos nocivas às famílias agricultoras e com a educação popular, cujo cerne é a emancipação e autonomia dos povos e comunidades como forma de sociedade sustentável que queremos para nosso futuro.

Dizemos não ao despejo do Acampamento Quilombo Campo Grande!

Dizemos SIM à vida, à educação popular, à agroecologia e à justiça social!

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